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quinta-feira, 7 de junho de 2012

PUF!!

Oi, gente ~
Hoje eu vim aqui apenas para falar de atitudes. Sim, as atitudes...
Sou muito de escrever, mas palavras não são tudo. Às vezes fazem toda a diferença, mas outras vezes, quando a gente busca fazer delas a nossa maior forma de expressão e tentar resolver tudo, elas falham. Palavras não dão conta de expressar o nosso mais profundo sentimento. Eu costumava dizer que amo as palavras, mas é necessário muito conhecimento para saber usá-las. É como o silêncio. Ambos podem passar de um consentimento à uma mentira num piscar de olhos! E o quanto nos ferem... É quando a gente sente nossos sentimentos sangrando dentro de nós.

Tenho sentido grandes mudanças dentro de mim nesses últimos tempos... Coisas boas e ruins têm acontecido mas pela primeira vez, tenho aprendido grandes lições com isso. Dói, mas crescer é necessário, não é mesmo? E no fim, penso que crescer não seja nada além de adquirir um jogo de novos pensamentos!
Minhas preocupações ainda são as mesmas (um pouco mais, eu diria), mas agora tenho outras prioridades. E a minha principal prioridade é não cometer os mesmos erros.
Não, a principal é crescer.

Atitudes. Elas mudam tudo.
São no que as palavras e o silêncio se transformam. São os sentimentos, que não só não querem calar, mas não podem calar. Transbordam. Invadem nosso corpo, põem tudo a perder ou tudo a ganhar.

Resolvi postar um texto que mexeu muito comigo hoje, que me fez enxergar que EU não quero ser piruá para sempre! Não importa o que você vai fazer, mas faça. Acertando ou errando, tudo deve ser feito. Senão o mundo não gira e a gente não cresce. Você vai ser julgado de qualquer jeito, por qualquer pessoa. Não se restrinja pelos outros, não deixe de descobrir por si mesmo o que é viver! E viver é simplesmente... agir.

PIPOCA
“As comidas, para mim, são entidades oníricas.

Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu.
A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem, brincadeira deliciosa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversando com uma paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas idéias começaram a estourar como pipoca. Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de forma inesperada e imprevisível.

A pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético porque, ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma panela. Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido religioso? Pois tem.
Para os cristãos, religiosos são o pão e o vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, a mistura de vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não é vida…). Pão e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem existir juntas.

Lembrei-me, então, da lição que aprendi com a Mãe Stella, sábia poderosa do Candomblé baiano: que a pipoca é a comida sagrada do Candomblé… 

A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido. Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a idéia de debulhar as espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos. Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém jamais poderia ter imaginado. Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transformavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas! 


E o que é que isso tem a ver com o Candomblé? É que a transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa — voltar a ser crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. 


Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.


Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão — sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: PUF!! — e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante. 

Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está representado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro. “Morre e transforma-te!” — dizia Goethe. 

Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. Com certeza há uma explicação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia, as explicações científicas não valem. Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. Ignoram o dito de Jesus: “Quem preservar a sua vida perdê-la-á”. A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo. 

Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira…” 

“Nunca imaginei que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu”. 


Extraído do Texto “A Pipoca” de Rubem Alves

Um comentário:

  1. Se eu soubesse que vc gostava tanto de pipoca já tinha te convidado para ir no cinema e comer aqueles baldes cheinhos kkkkkkkkkkkkkkkkkk

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